quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ser crescido implica coisas.



as semanadas dão lugar aos salários e os trocos aos cartões de plástico,
trocamos o passo desengonçado das sapatilhas pelo instável salto alto
os guarda-chuvas já não são de guardar na carteira, mas sim grandes e de varas fortes que não nos deixem ficar mal na rua enquanto tentamos não nos enfiar entre os paralelos.
as malas não são grandes, são XL, para que caiba a maquilhagem, os telemóveis (o profissional e o pessoal)
ah, por falar nisso, os telemóveis... também eles deixam de ser bonitos e passam a ser agressivos, de preferência com muitas teclas e nada de música... toques monofónicos, que variem o triiim e o tanananana...
as luvas deixam de ter borboto e cores fortes, porque a pele não ganha borboto...
deixamos de viver no nosso quarto e descobrimos que afinal existem divisões da casa como a cozinha, a sala e o escritório e dão um certo jeito...
o tempo deixa de se dividir pelos cafés e pelos amigos, multiplica-se o trabalho e vão sobrando meia dúzia de horas para ir  às compras.
desaprendemos a dormir sozinhos e a cama passa a ter 8 pernas.
as relações acabam por se tornar sérias ao ponto de decidir qual de nós faz o jantar e por acréscimo deixamos de ter uma familia e passamos quase a ter duas.