segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Reflexão diária sobre nada em concreto.

já quis ser o que não sou, todos os dias, saber fazer o que não faço e ter gosto pelo que me repudia, comer coisas que não gosto,tal como não gostava de peixe agora como peixe cru. Queria gostar de pessoas que conheci e me ensinaram que o wikipédia não tem uma designação portuguesa para o desamor, não amar como amo, não ter apego, dividir-me em duas partes iguais mas uma boa e uma má, não ter saudades, ter lembranças, ter medos, não ter outros medos, ser o cabide em vez do criador, ser oca, ter mais vontades, ter menos vontades, saber acordar, gostar do amanhecer semanal, trocar os perfumes infantis de morango pelos chanel, passar um dia montada nuns louboutin, saber o que era ser rico, saber ser muito pobre, não comer e ficar na mesma, engordar só de pensar em comida, não ser lida por pessoas que não gostam do que sou, não ser um fascínio parvo e platónico de ninguém, não sou fascinante, nem perto disso, sou apenas alguém que faz algumas coisas.Não salvo vidas, desenho roupa, faço desenhos... não mato a fome a ninguém, mato a minha fome consumista de coisas diferentes e encho os bolsos do estado. Não sou especial, nasci com coisas especiais, mas não faço partos em ambulâncias, não sou missionária nem sei sequer se seria capaz de adoptar uma criança. Sou eu, num mundo parvo em que os que criam a futilidade são tão ou mais reconhecidos do que os que salvam vidas.


JR