sábado, 7 de abril de 2012
já passei dias a brincar com bonecas de papel, estavam guardadas sempre num envelope de papel japonês, numa gaveta com aqueles cheiros caracteriscos a madeira antiga, naquele movel retro da sala da avó... por alguma razão nunca o tirava de lá, brincava no sofá e voltava a guardar aquele envelope, na gaveta onde estavam as palhinhas do sumo e os talheres de plástico para nós. Inconscientemente não era capaz de misturar aquele brinquedo com os restantes, todos eles de plástico que resistiam uma vida, de certa forma aquilo acabaria por ter um simbolismo...era quase como um dois em um dos 20 anos que se seguiam... o gosto imenso pelas coisas antigas, e pelo criar, recortar e vestir.
Hoje levo a coisa tão a sério ao ponto de nem dar por ela... não dou pelo facto de estar a fazer uma coisa que gosto e que sempre quis, não tenho tempo para isso... quando não temos tempo sequer para pensar que estamos a fazer uma coisa que gostamos é porque se calhar não nos sentimos totalmente realizados... é verdade que estou no meu meio, mas nada é meu, tudo é reinventado, mastigado, mais que visto, mais do mesmo e no final das contas não tenho mais dinheiro para juntar e eu já não consigo distinguir aquilo que gosto do que faço por obrigação e agora tudo o que eu queria era que o dia tivesse 48 horas, 24 para dormir e outras 24 para que tudo pudesse ser feito com calma e criatividade, trabalho, relações, vida.
Infelizmente as coisas nunca dependem de nós, dependem da nossa capacidade de arriscar, se a tivermos, ou então de um "chefe" tacanho que em troca do "salário" que embora só pague um sapato dos dele, para ele é muito grande e para nós não nos chega em condições até ao final do mês que não paga nem metade daquilo que sentimos quando fazemos as coisas com gosto e alguem vem e diz: não serve.