quinta-feira, 24 de maio de 2012

nós







   Lembras-te daquele dia em que nos resolvemos encontrar naquele sitio específico? lembras-te daquele café tão igual a todas aquelas coisas que o tempo nos fez adquirir, do café, da conversa eu sou sincera... não me lembro bem, talvez estivesse concentrada na minha cobardia de te olhar nos olhos, lembras-te dos quilómetros que fizemos a pé? tínhamos muito para dizer um ao outro, uma cidade bonita e solarenga não chegava, nem pouco mais ou menos uma tarde para tudo aquilo que não vivemos em comum e teriamos para contar um ao outro,eu sempre contei mais de mim, infelizmente contei de mais, algumas coisas talvez fizesse sentido te-las tornado tabú tal e qual como fizeste com coisas do teu passado que eu nunca quis remexer. Ainda naquela tarde, lembras-te de eu ter de ir para casa? não tinha carro, ia de metro, insististe comigo que me levavas a casa, embora soubesses que era uma loucura eu confiar em ti, lembras-te de que me levaste ao parque de estacionamento tentando-me convencer a todo o custo de que o teu carro era velho mas tuning. Lembras-te das flores? duraram semanas, deram fotografias magnificas, e o leggie, lembras-te dele? está aqui!sempre pareceu uma aranha, mas tal como todas as outras coisas desastradas que fizeste até hoje saiu com o teu toque especial. Lembras-te de todas as outras flores, grandes, medias e pequenas, de todas as sextas-feiras, todas elas em que não me queria convencer que estavas apaixonado por mim,eu sentia-me demasiado insignificante... coisas da minha falta de amor próprio, tão insignificante que além de não me encontrar não encontrava em ti uma razão válida para acreditar que todas as coisas surpreendentemente romanticas e nunca pirosas tinham uma razão que não amizade, nunca percebi como é que tudo o que te junta a ti e romantismo resulta numa coisa fantástica, foi desde que te conheci que deixei de achar o romantismo uma coisa pirosa e comecei a dar valor a corações mal desenhados. Lembras-te da caixa dos m&m's que nunca comi e uma mensagem fechada à chaves que eu haveria de ter. Lembras-te daquele livro? daquela musica,daquela mensagem, daquela forma que arranjaste de me dizer que eu era especial para ti. Da areia no teu carro,das areias nas sapatilhas, guardei muitas areias de várias praias num frasco, tal como as flores, tal como as cartas de verão e tantas outras coisas que agora não me lembro mas que estão debaixo do pó da nossa caixa...eu prefiro não ver, um dia podemos ver tudo juntos, espero que seja daqui a muito tempo, se ainda me amares. Tenho pena que a azáfama das nossas vidas nos faça esquecer e deixar esmorecer tudo aquilo que tinhamos para guardar na caixa... um dia vamos querer ter mais recordações, fotografias, cartas... às vezes quando dou por mim a ir para casa a saber que não te vou ter à minha espera desejo ter vivido no tempo dos nossos avós, nós não nos vamos lembrar de nada...queria poder saber se um dia vou estar com a minha mão na tua a recordar tudo isto, mas o tempo é que toma conta das nossas vidas, a culpa é toda dele, do tempo.